quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Perto

Estava acostumada com o avião, mas não com a solidão. Com olhares me fuzilando, mas não tão furiosos. O celular na minha mão pesava mais a cada minuto, então eu não resistia e miava desculpas para Otto novamente. Era impressionante como as personalidades se inverteram. Eu, uma mulher forte e orgulhosa tinha me tornado insistente e impulsiva assim como ele era. E ele estava se mostrando cheio de orgulho.
Não que eu o culpe.
E ali estava ele novamente me encarando, implorando que tocasse seus botões reluzentes e me humilhasse para tê-lo de volta. O aparelho ganhou novamente e me teve discando pela vigésima terceira vez o mesmo número.
- Otto... – Sussurrei, para que ninguém mais me ouvisse. Algumas vezes um ou outro olhava de canto. – Você já deve estar cansado de me ouvir. Sim, eu sei que você está aí, me assistindo sofrer. Mas você é provavelmente a pessoa que eu mais quero agora. Você sabe que eu sempre quero você quando eu não posso te ter. Mas por favor, tente entender. Eu sei que fui uma idiota. – Suspirei. Ele devia estar zoando com a minha cara, ou pelo menos estava esperando por 25 ligações minhas (seu número da sorte) e bom, eu iria ceder. – O que aconteceu foi que a fama me subiu a cabeça, o que é bem típico da minha parte, você sabe. Eu sou fraca... – Mexi no meu cabelo, tentando me esconder dos olhares. – Te barrar nos sets só porque você era um ‘mero plebeu’, - Pois é, eu disse isso. - fingir que não te conhecia... Isso não foi bom pra ninguém. Depois desses meses de buscas por qualquer entrevistinha eu percebi que não precisava disso. Eu precisava de você. – Parei, tentando controlar as lágrimas. A humilhação não precisava de mais isso. – Otto, eu sei que pedi para que você me esquecesse como amiga, como confidente e como amante. Mas agora eu te peço que esqueça isso. Eu fui uma idiota. Agora tudo acabou me tenha de volta. Por favor. – Então desliguei o celular. Eu queria tudo de volta.
Não como há duas semanas que tudo de volta significava muito dinheiro, fama e adoração. Porque eu tinha isso. Filmes, programas e entrevistas. Era praticamente o que eu vivia. Mas foi tudo desmoronando. Eu me deixei ser levada. O que foi até bom no começou, mas fatal.
Agora tudo de volta é minha família meus amigos de verdade (não os artistas com quem convivia) e se eu merecer, Otto. Sempre me apoiou. Nossa, e como. Nunca tinha percebido até perder.
Sai do avião, peguei um táxi e fui direto pro caminho que eu tanto queria ir.
- Otto, - Estava no celular outra vez. – Eu já estou no Rio, estou indo pro seu apartamento, não fuja, por favor. Se não quer me ver, quero que pelo menos me diga isso pessoalmente. – Desliguei. Olhava o caminho e sorria à medida que me sentia cada vez mais próxima dele. Havia me esquecido de dizer uma coisa a ele. Tornei a ligar completando o número preferido dele de ligações.
- Ah, esqueci de dizer o mais importante em todas as ligações. Em todos os dias que estávamos juntos... Eu te amo. Muito.
Parei em frente ao seu prédio, sai do táxi, respirei fundo, sequei os olhos e entrei no lugar. Estava meio vazio e uma ou duas pessoas me reconheceram. Então olhei mais adentro. Ali estava ele, no hall, com o telefone no ouvido e pelo o que parecia ouvindo minhas palavras dizendo que o amava. Seu cabelo estava do mesmo jeito que deixei. Num castanho bem escuro e bagunçado. Seu rosto se levantou e cruzou com meu olhar. Isso havia mudado. Seu olhar não era assim tão profundo. Também castanhos, mas tão peculiar. Bem no meio havia uma explosão verde acontecendo. Ele suspirou. Não sorriu. Não tinha sequer um pensamento rodando em minha cabeça. Então ele veio em minha direção. Parecia que eu ia parar de respirar a qualquer hora. Uma lágrima caiu e eu limpei rapidamente. Otto não parava de andar, parecia que ele ficava mais longe a cada passo. Quando percebi ele já estava ali. Me analisou de cima a baixo. Aposto que meu olhar estava sofrendo. Era mais difícil estar tão perto com medo de tocá-lo e fazer algo errado do que não estar.
Então lentamente, mas ainda surpreendentemente, ele pousou suas mãos na minha cintura, a apertou e me puxou para perto de si. Me acolheu num abraço inebriante. Parecia que eu ia me afundar ali. E não ligaria se o fizesse.


xxx, love story girl.

5 comentários:

  1. aaai Aline, muito lindo! Você sabe que eu adoro esses textos, e eu sempre fico imaginando mil e uma formas de como aquilo poderia continuar hehe
    Lindo!

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  2. uuuuau , ficou lindo :>D

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  3. eu gostei muito da estória!
    parabéns, você escreve muito bem *-*

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  4. Senti a emoção em cada palavra, a história é linda! Você escreve muito bem, parabéns. Passarei sempre por aqui pra acompanhar. *-*

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risos